28-11-2018
Representatividade política da Enfermagem é debatida durante 21º CBCENF

Natana Pacheco é enfermeira em Itapipoca, no interior cearense. A jornada de 40h de trabalho, em condições quase sempre precárias, faz com que a jovem profissional se prive de outras atividades fundamentais para o pleno desenvolvimento da enfermagem, como a dedicação a pesquisa. A solução para a questão da Natana é uma demanda antiga dos profissionais de todo o Brasil: a redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais. E o remédio para curar essa ferida se chama representatividade política, tema discutido na tarde de ontem (27/11) durante o 21º Congresso Brasileiro dos Conselhos Regionais de Enfermagem (CBCENF).

O debate reuniu a deputada Estadual Enfermeira Rejane (RJ); a prefeita de Cristal (RS) enfermeira Fábia Richter; o técnico em Enfermagem e vereador de Juru (PB), Ivaldo Ferreira;  além do ex-vereador de Floriano (PI) e atual conselheiro do Cofen, Lauro de Morais; e o Conselheiro Federal Antonio Marcos Freire Gomes, que coordenou a mesa redonda “Política na Enfermagem e a Enfermagem na Política”

Indicada para o cargo de ministra da Saúde no próximo Governo a prefeita de Cristal, enfermeira Fábia Richter, é um grande exemplo da capacidade de gestão dos profissionais da enfermagem. “Saúde se faz com a transversalidade das políticas públicas e é isso que faz com que consigamos gerir uma cidade, por exemplo. Temos a missão de cuidar e na política seguirmos firmes e convictos da nossa missão: cuidamos de pessoas”, relatou a enfermeira ao apresentar as práticas exitosas que a fizeram ser cotada para gerir a pasta nacional de Saúde.

Seja nos pequenos municípios, como Cristal, com apenas 8 mil habitantes, ou nos grandes estados, como no Rio de Janeiro, é crescente o número de enfermeiros que ingressam nos poderes legislativos e executivo com a missão de avançar nas políticas de valorização da classe e de melhorias na Saúde. Eleita para o terceiro mandato como deputada Estadual Enfermeira Rejane (PCdoB/RJ) diz que sua entrada na política se deu após perceber que é lá onde está o “espaço de poder”. “Não me refiro ao poder individual, mas ao poder transformador, aquele capaz de fazer valer direitos tão elementares, porém, tão desrespeitados, como a garantia a um local digno para repouso dentro da jornada de trabalho”, relatou a deputada emocionada.

A experiência legislativa de Rejane é semelhante à do enfermeiro Lauro de Morais, ex-vereador de Floriano, no Piauí, por três mandatos, e atual conselheiro do Cofen. Ao defender a criação do “projeto político parlamentar da enfermagem” Lauro demonstra sua preocupação com a formação dos novos profissionais. “Nossos professores precisam formar estudantes de enfermagem capazes de realizar as transformações que o Brasil precisa”, finalizou o conselheiro ao convidar a plateia para ocupar os espaços políticos e, nas próximas eleições, formar uma verdadeira bancada da enfermagem nas casas legislativas de todo o Brasil.

 

Fonte: Cofen