12-08-2022
Fiocruz lança site sobre monkeypox, a varíola dos macacos

Risco de uma disseminação internacional do vírus é claro e tende a aumentar, segundo a OMS

Com o mundo ainda vivendo as consequências, em sua maioria trágicas, da pandemia de Covid-19, uma outra doença, antes restrita a alguns países africanos, começa a se disseminar pelo planeta. O primeiro caso de monkeypox fora da África no surto de 2022 foi identificado em Londres, em 5 de maio, com confirmação uma semana depois, em um paciente que desenvolveu lesões na pele ao voltar de uma viagem à Nigéria. No dia seguinte houve a confirmação de um novo caso na capital inglesa. Em 23 de julho, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou que a monkeypox constitui uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Em 29 de julho o Ministério da Saúde confirmou a primeira morte por monkeypox no Brasil. A vítima era de Uberlândia (MG).

“Temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo, por meio de novos modos de transmissão, sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios do Regulamento Sanitário Internacional”, declarou o diretor-geral da OMS. “A avaliação da OMS é que o risco da monkeypox é moderado em todas as regiões do mundo, com exceção da Europa, onde avaliamos o risco como alto”, complementou Ghebreyesus. Para o diretor-geral, “o risco de uma disseminação internacional do vírus é claro e tende a aumentar, embora o risco de interferência no tráfego internacional permaneça baixo neste momento”.

O nome monkeypox se origina da descoberta inicial do vírus em macacos, em 1958, em um laboratório dinamarquês. Já o primeiro caso humano foi identificado em 1970, em uma criança, na República Democrática do Congo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria dos animais suscetíveis a este tipo de varíola são roedores, como ratos e cães-da-pradaria. No Brasil, até 8 de agosto havia 2.293 casos de monkeypox. São Paulo, com 1.636, Rio de Janeiro, com 253, e Minas Gerais, com 101, são os estados com o maior número de casos. No mundo são mais de 30 mil casos, em 81 países.

Esta é a primeira vez que muitos casos de monkeypox são relatados simultaneamente em muitos países. A mortalidade permanece baixa no surto atual. A transmissão de humano para humano ocorre por meio de contato físico próximo ou direto (face a face, pele a pele, boca a boca, boca a pele) com lesões infecciosas ou úlceras mucocutâneas, inclusive durante a atividade sexual, gotículas (e possivelmente aerossóis de curto alcance) ou contato com materiais contaminados (por exemplo, lençóis, roupas de cama, eletrônicos, roupas, brinquedos sexuais).

No Brasil, o Laboratório de Enterovírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foi nomeado Laboratório de Referência do Ministério da Saúde (MS) em monkeypox. O laboratório vai analisar amostras suspeitas de infecção pelo vírus monkeypox provenientes do Estado do Rio de Janeiro e de toda a Região Nordeste. Nos dias 9 e 10 de junho, a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), o Ministério da Saúde e a Fiocruz promoveram a primeira capacitação para diagnóstico laboratorial do vírus monkeypox para profissionais de saúde de sete países da América Latina (Bolívia, Equador, Colômbia, Peru, Paraguai, Uruguai e Venezuela). A iniciativa foi ministrada pelo Laboratório de Enterovírus do IOC/Fiocruz.

E, diante dos primeiros casos suspeitos do vírus monkeypox no Brasil, a Fiocruz, por meio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), uniu esforços em mais uma iniciativa pioneira e produziu, em uma semana, controles positivos para auxiliar no diagnóstico seguro da doença. Os primeiros reagentes foram entregues à Opas/OMS para serem distribuídos em, ao menos, 20 países.

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Fonte: Fiocruz