28-02-2024
Apoio a trabalhadora que amamenta reduz desmame e desigualdade de gênero
Ministério da Saúde certifica iniciativa do Cofen. Quase 50% das mães são demitidas após o período de estabilidade

A sala de apoio à mulher trabalhadora que amamenta (SAMTA) do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) vai receber, na próxima quarta-feira (28/2), certificação oficial do Ministério da Saúde. A cerimônia, com a presença do governo do Distrito Federal, autoridades sanitárias e de mulheres trabalhadoras com seus bebês acontecerá às 15h, na sede do Cofen, em Brasília (SCLN 304).

O medo da demissão ronda grávidas e lactantes. A licença-maternidade não é capaz de reter as mães no mercado de trabalho. Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) indica que quase metade das mulheres que tiram licença-maternidade está fora do mercado de trabalho após 24 meses.

Para a funcionária terceirizada Jéssica Menezes, a sala de amamentação foi “essencial” no retorno ao trabalho. “O retorno é um momento muito difícil para a mãe e o bebê. Sou mãe solo, deixar o trabalho nunca foi uma opção. Eu chorava porque não conseguia tirar leite suficiente para deixar para ele. A sala de amamentação foi um local onde me senti acolhida, com tranquilidade para fazer a ordenha”, explica a mãe de Bernardo (8m).

“Precisamos fortalecer a cultura da amamentação, que é um direito consagrado na lei. A Enfermagem é a categoria profissional que mais apoia o aleitamento. É justo que esse incentivo alcance as funcionárias do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem”, afirma a presidente do Cofen, Betânia Santos. A sala conta com apoio do Banco de Leite do Distrito Federal.

Sobre a iniciativa – A SAMTA é uma política nacional do Ministério da Saúde. No local, as lactantes podem esvaziar as mamas, armazenando seu leite corretamente para depois oferecer ao bebê ou doar ao Banco de Leite Humano. O leite é mantido sob refrigeração, em frascos esterilizados, com uma etiqueta identificatória, em conformidade com nota técnica da Anvisa e do Ministério da Saúde. Bolsas térmicas devem ser usadas para manter a cadeia de frio no transporte do leite do trabalho até a casa.

“A sala não exige uma estrutura complexa, e faz toda a diferença para as trabalhadoras no retorno da licença maternidade”, destaca a conselheira Ivone Amazonas, idealizadora do projeto no âmbito do Cofen. “Muitas mulheres param de amamentar precocemente quando retornam ao trabalho. Nosso compromisso, como enfermeiros e gestores, é promover o incentivo, a proteção e o apoio ao aleitamento materno”, afirma a conselheira.

Amamentar reduz mortalidade infantil – Dados do Ministério da Saúde indicam que o leite materno é capaz de reduzir em até 13% a morte por causas evitáveis na primeira infância. A prevalência da amamentação exclusiva entre bebês menores de 6 meses aumentou mais de 1.500% entre 1986 e 2020, passando de 2,9% para 45%, segundo dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI). No período a mortalidade infantil caiu em taxas anuais de quase 5%, associada à ampliação da rede de atenção básica, vacinação e amamentação.

Encontre um Banco de Leite – O Brasil conta com 227 bancos de leite e 240 postos de coleta distribuídos em todos os estados e no Distrito Federal. Os profissionais de Enfermagem têm papel fundamental no manejo da amamentação e gestão dessa rede, que pode estar mais perto do que você imagina. Ligue para o telefone 136 ou acesse o site da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, para encontrar a unidade mais próxima.

Fonte: Ascom/Cofen